sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

les amours qui durent font des amants exsangues.

What. are. the. odds?

Depois de ontem* ter passado a madrugada toda a olhar para a tua foto. Depois de ter escrito aqui que o estava a fazer. Depois de ter passado a manhã toda a falar sobre ti. Depois de ter passado o dia todo a ouvir a OST do Les Chansons d'Amour e me imaginava, novamente, a cantá-la contigo, abraçado, e à espera de um comboio para Lisboa naquela estação infernal. Depois de ter pensado, seriamente, em apanhar um expresso para Coimbra ainda naquele dia, sem rumo qualquer, somente para te ver. Depois de, poucos dias antes, ter comentado que, caraças, ainda hoje estou apaixonado por ti. Depois de, já de tarde, após ter visto que não tinha dinheiro, ter voltado a pensar em cometer actos de pura loucura só para te ver, eis que recebo uma mensagem tua. Do nada. Completamente do nada.

«Cheguei agora a Lisboa, dentro em breve ao Chiado. Vai um café?»

Não a vi. Apenas a segunda que dizia: «Cheguei agora ao Chiado. Vou ficar por aqui, logo aqui e no máximo até às 7. Or so.»

Fui a correr ter contigo. Literalmente. E, porra, como estavas bonito. Estive o tempo todo a olhar para ti e a pensar "What are the odds of this happening?". Lembrei-me do que me fez ficar apaixonado a primeira vez por ti. Lembrei-me do teu cheiro que já quase tinha esquecido. Lembrei-me do teu cabelo. Lembrei-me de como sabia bem estar sentado ao teu lado e pensar que aquilo nunca mais terminaria. Lembrei-me do que era sentir borboletas no estômago por ver alguém. Lembrei-me do que era tremer como varas verdes de nervosismo ao ponto de quase parar a digestão. Lembrei-me de como me era impossível estar ao teu lado sem ter o desejo de te agarrar e gritar "Não vás. Fica, por favor!".

Não ficaste. Foste, outra vez, para Coimbra e é por lá que ficarás. Nem seria de outra forma. Mesmo assim ainda fiquei contigo até para lá das 7.

Passaram algumas horas e meteste conversa comigo por mensagem. Admitiste que ainda hoje estás apaixonado por mim, que te arrependes fenomenalmente de não conseguir ter uma relação, que darias tudo para conseguir (onde é que eu já ouvi isto mesmo? oh, wait, já me lembro). Dizes que vir para Lisboa não mudaria nada. Ou que talvez até mudaria. E mudaria muito. E o problema é esse: tu sabe-lo tão bem quanto eu que mudaria.

E, na altura destas mensagens, estava no braço de outra pessoa. Algo mais real, menos fantasioso. Sem qualquer tipo de emoção, contudo. E falta-me isso, admito.


«As-tu déjà aimé
pour la beauté du geste?
As-tu déjà croqué
la pomme à pleine dent?
Pour la saveur du fruit
sa douceur et son zeste
T'es tu perdu souvent?»

Diz-me que ainda te lembras disto e daquela tarde agarrados, na estação de comboios, a cantar isto. Tu eras o Gregoire. Eu o Louis, como sempre o fui para ti. Diz-me que não te esqueceste de todas aquelas vezes em que corrias uma cidade inteira para me ver 10 minutos. Diz-me que ainda te recordas da fantasia, das cartas escritas, dos cigarros fumados nas varandas ao som de Rufus Wainwright, das despedidas em estações, das carícias e das promessas de uma nova visita.

And the thing is: não te esqueceste. Nem eu. E que grande problema temos aqui!


*[Edit: apesar de estar a escrever o post dia 5, uma vez que já passa da meia-noite, façam de conta que ainda é dia 4.]

10 instantâneas:

Papoila e Orquídea disse...

Gostei imenso de ler isto. Está muito bem escrito =)

E, rufus? Muitoooo bom.

Beijinho*

André disse...

that is really sweet! see? eu e tu a falarmos num bar qualquer e dias depois dá nisto. cada vez mais me convenço que tenho poderes.

Marlon Francisco disse...

@ Papoila e Orquídea: Aw, ainda bem que gostaste. Podia estar melhor escrito, though. Torna-se sempre complicado escrever este tipo de coisas, pelo menos para mim. (e, sim, Rufus!)

@ Carlos: Não sei se é assim tão querido. É bastante contraproducente. Saberes que ambos gostam um do outro e só não estão juntos porque é impossível para um deles estar numa relação, é, no mínimo, devastador.

Tiago Silva disse...

Qual a probabilidade de uma noite que começou com uma conversa tão deprimente, acabar na rambóia no trumps? É por isso que é giro sair com vocês!

Marlonzito, como sabes não tenho jeito nenhum para estas coisas, isso denota-se bem na minha experiência amorosa desastrosa. Mas tu sabes que pode contar comigo.

André disse...

sabes o que penso de pessoas que não conseguem estar numa relação mas pronto.

Marlon Francisco disse...

@ Tiago: Eu sei, eu sei. De qualquer forma o plano mantém-se - casar-nos-emos com plantas!

@ Carlos: Se for o mesmo que eu penso é para fugir.

André disse...

eu acho que as pessoas que não conseguem manter uma relação são pessoas idiotas que não conseguem ultrapassar os seus pseudo problemas e as suas pseudo crises e ficar com a pessoa que amam.
*blame the meds*

Marlon Francisco disse...

Carlos, nunca na tua vida disseste algo tão acertado. Nunca largues os medicamentos.

Tiago Silva disse...

Uma vida sexual com plantas é capaz de se tornar um bocado rotineira, não sei, digo eu... E nunca se sabe qual o temperamento das sacaninhas, podem querer ter uma relação aberta, mas depois fazer fitas.

Acho que vou ser abstinente para resto da vida.

Anónimo disse...

*amours

Não estou a ignorar o post, mas sobre ele falamos depois.

Adicionalmente, je t'aime.

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