terça-feira, 29 de setembro de 2009

rescaldo emocional.

Já tinha tudo planeado: tu serias esquecido brevemente e eu estaria completamente pronto para iniciar uma nova relação.

O plano era perfeito, senão reparemos: tenho uma pessoa que me adora fenomemalmente, que me faz tudo (não porque sente necessidade, mas porque tem gosto em fazê-lo), que me acompanha na minha vida agitadíssima (e aqui deixem-me reforçar o epíteto íssima), que me acolhe nos braços como se não existisse mais nada para além daquele abraço e que eu, a bem dizer, dou um carinho excepcional. Mais, pouco ou nada tinha a esperar da relação, uma vez que começou com uma esperança bastante ténue.

E, depois, revieste tu. Começou por uma mensagem peculiar, no preciso minuto em que pensava em ti. Seguiu-se um revivalismo do teu sentimento por mim. E acabou num contínuo acto de conversa trivial mas, nem por isso, menos relevante para a minha pessoa.

Perante isto estou num perfeito ímpasse: quero segurança, quero conforto, quero estabilidade, quero abraços fraternos, quero saber que chego para aquela pessoa, quero amor, quero carinho, quero tudo aquilo que nunca uma relação me conseguiu oferecer. Do outro lado tenho a fantasia, tenho Rufus Wainwright nas tardes em Coimbra, tenho as cantigas cantadas nas estações de comboio, tenho as despedidas cinematográficas, tenho o desespero de estar longe, tenho as saudades, tenho as escapadelas, tenho as memórias de percorrer uma cidade para estar 10 minutos contigo, tenho a paixão ardente, tenho a reviravolta no estômago sempre que te via, tenho as cartas que te escrevia, tenho as mensagens que todas as noite, antes de adormecer, te mandava, tenho as viagens de comboio de horas só para te ver uns 60 minutos, tenho o sonho, tenho as surpresas que te fazia no Tropical, tenho a intimidade.

Pior, tenho medo, muito medo de magoar alguém. Não faz parte do meu ser gostar de infligir dor, seja ela qual for. E, na melhor das hipóteses, alguém sairá magoado da equação. Sejas tu, ele, ou eu. Tu porque me virarei para ele. Ele, porque me virarei para ti. Eu, porque em qualquer uma das situações perderei: ou a segurança/conforto/estabilidade ou a possibilidade de saber se a fantasia se poderia retomar.


Foda-se que odeio pessoas e relações. Tenho que me dedicar mais ao trabalho que isto de andar com 15 minutos livres por dia anda-me a fazer mal.

1 instantâneas:

Anónimo disse...

E, portanto, as portas que se abrem dão sempre para encruzilhadas. Até a última porta dá para a encruzilhada. E elas esperam que tu escolhas, que te faças, e depois lamentes o que não percorreste. Mas, no fim, és só tu para contigo e parece-te a ti que as encruzilhadas estavam lá, quando não estavam, e quando eras só tu.

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